sábado, 3 de outubro de 2020

PRÓLOGO DO LIVRO

PRÓLOGO

 

Uma claridade suave penetrava pelas frestas da janela, dando forma aos móveis e objetos do quarto. Bia resolveu levantar para ver o sol surgindo e colorindo o horizonte na praia do Estaleirinho.

Tomou cuidado para que o rangido da porta não acordasse a prima. Queria estar só naquele momento.  Da varanda era possível ver o mar. Apesar de cedo, já havia alguém na faixa de areia. Estranhou.  Atravessou a restinga que separava a casa da praia e viu a silhueta do Ambientalista que com uma vareta rabiscava alguma coisa na areia. Ele havia se despedido na noite anterior e foi esse sentimento, de que nunca mais o veria, o responsável pela noite mal dormida.

Sem economia de tons, o céu se encheu de vermelhos e amarelos, contrastando com o azul do mar. A noite já cedera à chegada do novo dia. Quando a luz da manhã iluminou o Ambientalista, Bia percebeu que ele estava completamente nu. Quanto mais iluminada a silhueta, mais intrigante ficava a cena. Era possível enxergar a praia através dele. Seu corpo estava transparente.

Intrigada, preferiu ficar observando de longe. Viu quando ele largou a vareta, abriu os braços em direção ao horizonte, como se quisesse abraçar aquela linda paisagem, e foi se diluindo na luz até desaparecer completamente.

Bia considerou que pudesse estar sonhando e esfregou vigorosamente os olhos. A seguir, correu em direção ao lugar onde o Ambientalista estava escrevendo. Ao chegar mais perto, viu a inscrição deixada na areia: FRAGILIDADE.

Essa palavra resumia tudo o que havia acontecido nas últimas semanas.

O dia se fez pleno e belo.  Bia precisava tomar uma decisão antes de voltar para casa. Deveria contar aos amigos o que acabara de presenciar? Acreditariam nela? 



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