PRÓLOGO
Uma
claridade suave penetrava pelas frestas da janela, dando forma aos móveis e
objetos do quarto. Bia resolveu levantar para ver o sol surgindo e colorindo o
horizonte na praia do Estaleirinho.
Tomou
cuidado para que o rangido da porta não acordasse a prima. Queria estar só
naquele momento. Da varanda era possível
ver o mar. Apesar de cedo, já havia alguém na faixa de areia. Estranhou. Atravessou a restinga que separava a casa da praia
e viu a silhueta do Ambientalista que com uma vareta rabiscava alguma coisa na
areia. Ele havia se despedido na noite anterior e foi esse sentimento, de que
nunca mais o veria, o responsável pela noite mal dormida.
Sem
economia de tons, o céu se encheu de vermelhos e amarelos, contrastando com o
azul do mar. A noite já cedera à chegada do novo dia. Quando a luz da manhã
iluminou o Ambientalista, Bia percebeu que ele estava completamente nu. Quanto
mais iluminada a silhueta, mais intrigante ficava a cena. Era possível enxergar
a praia através dele. Seu corpo estava transparente.
Intrigada,
preferiu ficar observando de longe. Viu quando ele largou a vareta, abriu os
braços em direção ao horizonte, como se quisesse abraçar aquela linda paisagem,
e foi se diluindo na luz até desaparecer completamente.
Bia
considerou que pudesse estar sonhando e esfregou vigorosamente os olhos. A
seguir, correu em direção ao lugar onde o Ambientalista estava escrevendo. Ao
chegar mais perto, viu a inscrição deixada na areia: FRAGILIDADE.
Essa
palavra resumia tudo o que havia acontecido nas últimas semanas.
O dia se fez pleno e belo. Bia precisava tomar uma decisão antes de voltar para casa. Deveria contar aos amigos o que acabara de presenciar? Acreditariam nela?
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